Proteja-se do chefe tirano
por Ana Maria, para De Mulher para Mulher
O medo de perder o emprego muitas vezes faz com que as pessoas
se submetam a situações constrangedoras. As mulheres costumam ser
as maiores vítimas desse tipo de pressão.
Perceba se você está sofrendo assédio moral através dos seguintes sinais:
seu chefe vive dizendo que você é incompetente? Sente-se isolada no ambiente
de trabalho e pressionada a pedir as contas? É freqüentemente ridicularizada
ou discriminada por causa de seu peso, origem, cor, estatura ou opção sexual?
Esforça-se para realizar um excelente trabalho, mas é seu superior quem
sempre colhe os louros?
Segundo Margarida Barreto, médica do trabalho e pesquisadora da
Pontifícia Universidade Católica de São Paulo, os ‘’torturadores’’ são chefes
que abusam do poder que têm. Por meio de atos desleais e constrangedores,
ordens arbitrárias e palavras de humilhação, eles aniquilam a saúde física
e mental dos funcionários. ‘’Os alvos escolhidos costumam ser os que não
fazem corpo mole’’, afirma Margarida.
Estão no grupo de risco principalmente as mulheres, profissionais de
personalidade forte, que não aceitam facilmente ser pressionadas e exploradas;
os que retornaram ao emprego depois de um afastamento por motivo de doença
; os com mais de 35 anos que ganham melhor, além de mães de filhos pequenos.
No Brasil, estima-se que o índice de assédio moral seja de 35%.
Num outro estudo, coordenado por Margarida, com 97 grandes empresas de
São Paulo, os números são ainda mais alarmantes — de 2 072 profissionais
entrevistados, 42% apresentaram histórias de humilhação contínua no trabalho.
Desses, 65% são mulheres.
A doutora da PUC foi mais fundo, ao levantar como cada sexo reage a esse
tipo de opressão. Descobriu, por exemplo, que elas são menos vingativas e
perdem a libido; já eles tendem à depressão e pensam em suicídio.
O estrago psicológico é tão grande quanto o físico. ‘’É freqüente sofrerem distúrbios
do sono, hipertensão, taquicardia, gastrite, má digestão e dores de cabeça’’,
explica Margarida.
O perfil dos chefes-problema
Como se defender do chefe agressor
1. Não fale sobre sua vida pessoal no trabalho.
2. Defenda-se das críticas com calma e racionalidade.
3. Não demonstre ao seu assediador que você ficou abalada. É isso o que ele quer.
6. Estabeleça vínculos amistosos com os colegas.
7. Se precisar sair de licença médica, preencha a comunicação de acidente de
trabalho e indique a causa real: opressão do chefe.
8. Caso as humilhações ultrapassem um limite suportável, dê visibilidade ao
assédio moral.
9. Anote todas as atitudes desrespeitosas de seu chefe com data, hora e
nome de testemunhas. De posse dos documentos, procure ajuda no departamento
de recursos humanos da empresa.
10. “Antes de querer pedir demissão, saiba que você tem a seu favor o fato
de as empresas estarem atentas a esse tipo de abuso”, diz Iêda Novais.
“Com a atual situação de desemprego, peça as contas só depois de ter
arranjado outra colocação”.
Por que os agressores agem assim
O perfil de quem assedia é familiar. ‘’São pessoas neuróticas, perversas ou
apavoradas com a possibilidade de que seus superiores percebam sua
incompetência e insegurança’', define Margarida.
Muitas delas são pressionadas pela direção da empresa para que sua equipe
cumpra metas e, como carecem de liderança, usam a estratégia de
rebaixar os subordinados para forçar um aumento de produtividade.
O agressor pode ainda ter o interesse sórdido de travar uma queda-de-braço
com sua vítima, para que ela desista do emprego – é que demiti-la custará mais
caro para a empresa –, porque não foi com a cara dela ou arrependeu-se
de tê-la contratado, de acordo com Iêda Novais, presidente da
Mariaca & Associates, empresa de gestão de capital humano.
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